Confesso que li muitos artigos que falavam sobre inteligência artificial nesses últimos tempos, possivelmente em razão de presenciar o início de algo que, segundo Steve Jobs, será tão marcante como a criação da internet ou dos computadores pessoais - e não, não estamos falando do metaverso (amém?!). A nova era da inteligência artificial promete não apenas revolucionar a forma em que pesquisamos na internet, mas também facilitar a vida em diversas outras aspectos, de modo que talvez não seja tão saudável. Vejamos.
Como introduzi na newsletter #2, o ChatGPT chegou chegando e, ao que tudo indica, veio para ficar. Mas a que ponto?
As funcionalidades são inúmeras: vai desde a escrita de um e-mail com escolha do tom de acordo com o interlocutor, passando pela criação de códigos para desenvolvedores, ajudando na formatação de bibliografia, a resumir um parágrafo, planejar um viagem com crianças à Disney até revisar um contrato e identificar problemas nas cláusulas. Para ajudar, o Google e a Microsoft prometem integrar a ferramenta aos seus buscadores, como uma nova forma de fazer pesquisa.
Mas será que estamos dispostos a “aprender” a pesquisar de outra forma? Será que queremos todas as benesses prometidas? Eu não sei vocês, mas eu penso muito em como novas gerações irão aprender e se desenvolver com ferramentas com usos infinitos e ilimitados, como o ChatGPT. Para mim, o lado sociológico bate muito forte, talvez em razão de uma dose extra de saudosismo de quando tudo era analógico.
Os debates são muitos e diversos: qual a capacidade da tecnologia em identificar fatos que são verdade dos que são mentiras? Vamos consumir as informações direto na ferramenta integrada ao buscador, sem efetivamente visitar os sites que fundamentaram determinada pesquisa? O que vai acontecer com esses sites e qual a melhor forma de regulamentar tamanho poderio? Ainda, quais serão as práticas adotadas pelas BigTechs para reduzir a emissão de carbono gerado em razão do excessivo consumo energético para treinar e alimentar a inteligência artificial de modo que ela entregue resultados sofisticados e efetivos? Isso sem contar a questão sobre quais os vieses que abastecem tais ferramentas e qual o nível de confiança das respostas oferecidas.
Tudo isso deu pra sentir - o que vem por aí é grande, e como toda novidade, traz - em algum nível - um pouco de ceticismo.
Por fim: saudade vida analógica.
ainda sobre esse assunto
o livro Algoritmos de Destruição em Massa, de Cathy O'Neil mostra a influência da tecnologia no cotidiano.
os já clássicos documentários - Privacidade Hackeada e O Dilema nas Redes sobre o poder de manipulação sobre nossas emoções e escolhas.
a entrevista com o CEO da Microsoft a respeito da integração do Bing com o ChatGPT.
essa newsletter do Pedro Henrique Ramos que traz alguns aspectos jurídicos sobre o uso do OpenAI.
melhor eu ir, tchau
Estou fazendo um teste (mais um) e me retirando do instagram por tempo indeterminado. Não sei vocês, mas meu ano promete grandes emoções e responsabilidades maiores ainda e não tenho mais tempo a perder.
Como deu pra sentir, venho refletindo muito sobre o poder da tecnologia na minha vida, principalmente nas minhas emoções e no meu well-being. Dei uma cansada de tanta informação inútil e irrelevante que eu consumo, de seguir e me comparar com a vida de pessoas que eu mal ou nem conheço e de gastar tanto tempo como conteúdos que nada me agregam.
Sei que pode ser um pouco contraditório dizer isso e ter uma newsletter, mas como disse - esse projeto é mais pra mim do que pro mundo (ou para vocês, meus 20 subscribers ~risos).
De qualquer forma, as fotos do meu brunch de domingo ou do meu #tápago infelizmente não estarão mais disponíveis.
Um beijo,
Nicolle / suburbana
Li em algum lugar sobre como em relacoes humanas (profissionais ou pessoais), a comunicacao eh mais efetiva quando simples e direta... e com o ChatGPT, o exercicio eh ao contrario: quanto mais detalhada a pergunta, melhor o output da IA. Veremos o que o futuro nos reserva!
ps: saudades antecipadas de ser motivada pelo seu #tápago